Tudo bem, ninguém está olhando. Pode confessar. Nega a todos que o vê compenetrado, sério, focado em sua carreira; bom pai ou boa mãe, quase uma referência entre seus pares, criador de frases pensadas e ponderadas. Enfim, um cidadão respeitado pela sociedade. Mas agora somos só você e eu, não precisa se esconder, não pra mim. Pode dizer: você já foi jovem.
Sim, a juventude já correu serelepe por suas veias tão honradas, não? Era inebriante, vívida e vez por outra inadequada e inadequante. Não esconda o sorriso quase envergonhado ao relembrar que um dia você foi paradoxal. Sem as travas da maturidade, o amor que você tanto queria era ao mesmo tempo sufocante e desejado, saudoso e grudento. As lágrimas eram por todas as razões acima, os sorrisos também. E ao verbalizar isso, era com gritos de incompreensão e sussurros de culpa.
Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entender
(...)
Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
(...)
Brigar pra que, se é sem querer?(...)
Você não entendia, mas queria se fazer entender. O mundo era apenas um grande campo de provas. O maior objetivo nessa época era um vago desejo de mudar o mundo. O mundo! Essa esfera cheia de pessoas tão díspares, e a força que você achava que tinha resumia-se nas frases curtas e na empáfia. Você sabia de tudo, tudo tinha uma resposta. Entusiasmo que contagiava enquanto fogo. De palha.
Não sei o que é direito
Só vejo preconceito
E a sua roupa nova
É só uma roupa nova
E as brigas, eternas como o entusiasmo em mover o mundo. Uma incerteza em ter certeza de... alguma coisa. E quando o sexo entrou na equação, o prazer imediato tornou-se O objetivo. Prazer em correr, para ter um corpo desejável. Prazer em ganhar o primeiro dinheiro, para a primeira balada (ainda chamam assim os encontros regados a música inaudível e bebidas?) e as primeiras pegações. A doçura resiste até a primeira camisinha furada. Mas isso é só um empecilho. O mundo!
Uma menina me ensinou
Quase tudo que eu sei
Era quase escravidão
Mas ela me tratava como um rei
(...)
Sei que ela terminou
O que eu não comecei (...)
Ela falou "Você tem medo"
Aí eu disse "Quem tem medo é você"
Falamos o que não devia
Nunca ser dito por ninguém(...)
Em alguns momentos você tem epifanias não reconhecidas. Afinal, o mundo está mudando graças à sua intervenção. Nem sempre suas ideias são aceitas (na verdade, nenhuma de suas ideais foi adiante... mas isso era apenas questão de tempo) e a cada frustração, um tombo. E no chão, tão confortável, mais ideais criados.
A violência é tão fascinante
E nossas vidas são tão normais(...)
E era como se jogassem Space Invaders
Perdendo mais dinheiro de muitas maneiras(...)
Parece energia, mas é só distorção
E não sabemos se isso é problema
Ou se é a solução (...)
Quando você se levantou, o diapasão reverbera na direção do ódio, puro, simples e primitivo. O mundo iria mudar, quer ele queira ou não. Quem era do tempo dos fanzines fazia os mais subversivos panfletos, recheados dos novos signos linguísticos, os palavrões. Você era blasfemo, irônico e anticomercial. Tomando refrigerante e cerveja de grandes corporações e comendo em fast foods.
Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo(...)
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis(...)
Geração Coca-Cola
Súbito, o mundo deixa a órbita de seu umbigo. A namorada, ou namorado. O novo papel dos pais. O dinheiro, agora "rendimentos" ou "dividendos". Planos, bandas, sexo, sexualidade. Preconceitos. Assimilações. Individualidade. Novas famílias.
Mudaram as estações e nada mudou(...)
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre sempre acaba(...)
E num dia, nem sempre tão belo, você amadurece.
Artista: Legião Urbana
Disco: Legião Urbana
Ano de lançamento: 1985
Lista de músicas aqui.
Não sei o que é direito
Só vejo preconceito
E a sua roupa nova
É só uma roupa nova
E as brigas, eternas como o entusiasmo em mover o mundo. Uma incerteza em ter certeza de... alguma coisa. E quando o sexo entrou na equação, o prazer imediato tornou-se O objetivo. Prazer em correr, para ter um corpo desejável. Prazer em ganhar o primeiro dinheiro, para a primeira balada (ainda chamam assim os encontros regados a música inaudível e bebidas?) e as primeiras pegações. A doçura resiste até a primeira camisinha furada. Mas isso é só um empecilho. O mundo!
Uma menina me ensinou
Quase tudo que eu sei
Era quase escravidão
Mas ela me tratava como um rei
(...)
Sei que ela terminou
O que eu não comecei (...)
Ela falou "Você tem medo"
Aí eu disse "Quem tem medo é você"
Falamos o que não devia
Nunca ser dito por ninguém(...)
Em alguns momentos você tem epifanias não reconhecidas. Afinal, o mundo está mudando graças à sua intervenção. Nem sempre suas ideias são aceitas (na verdade, nenhuma de suas ideais foi adiante... mas isso era apenas questão de tempo) e a cada frustração, um tombo. E no chão, tão confortável, mais ideais criados.
A violência é tão fascinante
E nossas vidas são tão normais(...)
E era como se jogassem Space Invaders
Perdendo mais dinheiro de muitas maneiras(...)
Parece energia, mas é só distorção
E não sabemos se isso é problema
Ou se é a solução (...)
Quando você se levantou, o diapasão reverbera na direção do ódio, puro, simples e primitivo. O mundo iria mudar, quer ele queira ou não. Quem era do tempo dos fanzines fazia os mais subversivos panfletos, recheados dos novos signos linguísticos, os palavrões. Você era blasfemo, irônico e anticomercial. Tomando refrigerante e cerveja de grandes corporações e comendo em fast foods.
Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo(...)
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis(...)
Geração Coca-Cola
Súbito, o mundo deixa a órbita de seu umbigo. A namorada, ou namorado. O novo papel dos pais. O dinheiro, agora "rendimentos" ou "dividendos". Planos, bandas, sexo, sexualidade. Preconceitos. Assimilações. Individualidade. Novas famílias.
Mudaram as estações e nada mudou(...)
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre sempre acaba(...)
E num dia, nem sempre tão belo, você amadurece.
Artista: Legião Urbana
Disco: Legião Urbana
Ano de lançamento: 1985
Lista de músicas aqui.
2 comentários:
Perfeito, Parabéns.
Sid, ficou perfeito!!! Eu disse que você tem muito talento... e não é porque sou seu amigo, como você deve estar a imaginar...
Mauro
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