3.8.07

Diga algo. Por favor, diga algo.

Um pouco mais de tempo. Um pouco mais de inspiração. Um mês de férias. Trinta dias sem precisar ver pacientes, enfermeiras e médicos. Um mês fingindo ser o Sidnei de outrora, apenas estudante.

Sinceramente, espero poder aproveitar esses dias escrevendo um pouco. Isso me faz falta, sabe? Gosto de batucar um teclado em busca de palavras, mesmo que elas não sejam as mais brilhantes, atuais e espertas. Gosto de palpitar, lembrar, desopilar, interagir.

Sempre estarei atrasado, sei disso. Há anos não vou ao cinema, há muito não me permito ter tempo para ler algo mais profundo que a Wizard (não, não vou chamá-la de Wizmania, assim como não chamarei o Super-Homem de Superman). Poderia ter mostrado minha indignação no episódio do acidente da TAM; poderia ter sido cruel e irônico com Renan Calheiros e Lula. Poderia ter dado graças a Deus, Buda, Krishna e Alá pelo fim daqueles malditos jogos panamericanos; poderia ter relembrado mais um episódio de minha vida comum. Poderia ter revelado ao mundo alguma coisa sensacionalista sobre mim ou alguém que conheço.

Ao invés disso, preferi ficar cansado. Rezar por uma longa noite de sono em minha não tão confortável cama. Respirar profundamente ao explicar qual o horário de agendamento de consultas com os ginecologistas pela tricentésima septuagésima vez na semana. Não, não quis usar minha massa cinzenta para preencher o vazio de uma folha em branco. Preferi reclamar de meu sempre insuficiente salário.

Mas agora estou aqui, usando a caixa de postagem do Blogger que, relutantemente, após uma hesitação estranha, me deixou digitar algo. Mas sobre o que vou escrever? Não sei bancar o Seinfeld. Não tenho raciocínio rápido. E já é tarde.

Será que postar um vídeo do You Tube ajudaria? Não, em pouco tempo the video won't be longer availiable, ou algo assim. Talvez um link para algum site bacana... mas não me ocorre nenhum. Bem, acho que vou encher a proverbial lingüiça e torcer que meus dois leitores não sejam judeus (putz, nem piadas sei elaborar. Me lembro que, numa seção de cartas da Wizard americana, John McLauchlin disse receber piadas prontas num serviço de entrega em domicílio de frases engraçadinhas por U$$ 11,98. Será que eles aceitam ASPMI?).

Olha, meus dois leitores, ainda não acabou. Mas peço paciência. Ainda não consigo escrever sobre nada relevante. Mas terei um mês inteiro para lembrar. Observar. Ter cara-de-pau. E, evidente, ter uns cobres para freqüentar meu cybercafé predileto.

Da próxima vez eu serei eu mesmo. E não uma tentativa metalingüística.

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